No Monte
No Monte o lavrador,cansado da labutaDo
Do dia que passou, monótono e indolente,
São oito horas,ceou, recolheu-se e já dorme,
Feliz por medrar as terras que desfruta.
A lavradora, não; activa e resoluta,
Moireja até mais tarde e desca nsa conforme
A faina lhe consente e a barafunda enorme
De homens e de animais que em derredor se escuta.
Mas a filha, que tem vinte anos e que sente,
Nas solidões da herdade, a alma descontente
E o sangue a referver num sonho tresloucado,
Encosta-se á janela; ouvem-se as rãs e os grilos;
E os olhos de azeviche, ardentes tranquilos,
Ficam-se horas a olhar as sombras do montado...
DO CONDE DE MONSARAZ..- IN ALMANAQUE ALENTEJANO 1950
Sem comentários:
Enviar um comentário